“Ó Maria, Virgem Imaculada, cristal puro para o meu coração, Tu és
minha força, ó âncora firme, Tu és o escudo e a proteção do coração
fraco.
Ó Maria, Tu és pura e incomparável, Virgem e Mãe ao mesmo tempo, Tu és bela como o sol, sem mancha alguma.
Nada pode se comparar com a imagem da tua alma.
Tua beleza encantou o olhar do Três Vezes Santo, que desceu do Céu,
abandonando o trono da sede eterna, e assumiu o corpo e o sangue do teu
coração, por nove meses ocultando-se no coração da Virgem.
Ó Mãe Virgem, ninguém compreenderá que o Deus incomensurável se torne
homem, e apenas por Seu amor e Sua misericórdia insondável, por ti, ó
Mãe, nos foi dado viver com Ele pelos séculos.
Ó Maria, Mãe virgem e Porta do Céu, por Ti nos veio a salvação, e toda
graça flui para nós por tuas mãos, e apenas a fiel imitação de ti me
santificará.
Ó Maria Virgem, lírio mais belo, teu coração foi o primeiro sacrário de
Jesus na terra, e só porque a tua humildade foi a mais profunda, foste
levada acima dos coros dos Anjos e dos Santos.
Ó Maria, minha doce Mãe, entrego-te minha alma, meu corpo e meu pobre
coração, seja a guardiã da minha vida, especialmente na hora da morte,
na última luta”
Dom Estevão Bettencourt, em Pergunte e Responderemos n. 516
“Não é conveniente adotar cânticos protestantes em celebrações católicas pelas razões seguintes:
1)Lex orandi lex credendi (Nós oramos de acordo com aquilo que cremos).
Isto quer dizer: existe grande afinidade entre as fórmulas de fé e as
fórmulas de oração; a fé se exprime na oração, já di
ziam
os escritores cristãos dos primeiros séculos. No século IV, por ocasião
da controvérsia ariana (que debatia a Divindade do Filho), os hereges
queriam incutir o arianismo através de hinos religioso, ao que Sto.
Ambrósio opôs os hinos ambrosianos.
Mais ainda: nos séculos
XVII-XIX o Galicanismo propugnava a existência de Igrejas nacionais
subordinadas não ao Papa, mas ao monarca. Em conseqüência foi criado o
calendário galicano, no qual estava inserida a festa de São Napoleão,
que podia ser entendido como um mártir da Igreja antiga ou como sendo o
Imperador Napoleão.
Pois bem, os protestantes têm seus cantos
religiosos através de cuja letra se exprime a fé protestante. O católico
que utiliza esses cânticos, não pode deixar de assimilar aos poucos a
mentalidade protestante; esta é, em certos casos, mais subjetiva e
sentimental do que a católica.
2) Os cantos protestantes
ignoram verdades centrais do Cristianismo: A Eucaristia, a Comunhão dos
Santos, a Igreja Mãe e Mestra... Esses temas não podem faltar numa
autêntica espiritualidade cristã.
3) Deve-se estimular a produção de cânticos com base na doutrina da fé.”
Lucas é um dos quatro evangelistas. O seu Evangelho é reconhecido como
o do amor e da misericórdia. Foi escrito sob o signo da fé, nos tempos
em que isso podia custar a própria vida. Mas falou em nascimento e
ressurreição, perdão e conversão, na salvação de toda a humanidade.
Além do terceiro evangelho, escreveu os Atos dos Apóstolos, onde
registrou o desenvolvimento da Igreja na comunidade primitiva,
relatando os acontecimentos de Jerusalém, Antioquia e Damasco,
deixando-nos o testemunho do Cristo da bondade, da doçura e da paz.
Lucas
nasceu na Antioquia, Síria. Era médico e pintor, muito culto, e foi
convertido e batizado por são Paulo. No ano 43, já viajava ao lado do
apóstolo, sendo considerado seu filho espiritual. Escreveu o seu
Evangelho em grego puro, quando são Paulo quis pregar a Boa-Nova aos
povos que falavam aquele idioma. Os dois sabiam que mostrar-lhes o
caminho na própria língua facilitaria a missão apostólica. Assim,
através de seus escritos, Lucas tornou-se o relator do nascimento de
Jesus, o principal biógrafo da Virgem Maria e o primeiro a expressá-la
através da pintura.
Quando das prisões de são Paulo, Lucas
acompanhou o mestre, tanto no cárcere como nas audiências. Presença que
o confortou nas masmorras e deu-lhe ânimo no enfrentamento do tribunal
do imperador. Na segunda e derradeira vez, Paulo escreveu a Timóteo que
agora todos o haviam abandonado. Menos um. "Só Lucas está comigo" E
essa foi a última notícia certa do evangelista.
A tradição
cristã diz-nos que depois do martírio de são Paulo o discípulo, médico
e amigo Lucas continuou a pregação. Ele teria seguido pela Itália,
Gálias, Dalmácia e Macedônia. E um documento traduzido por são Jerônimo
trouxe a informação que o evangelista teria vivido até os oitenta e
quatro anos de idade. A sua morte pelo martírio em Patras, na Grécia,
foi apenas um legado dessa antiga tradição.
Todavia, por sua
participação nos primeiros tempos, ao lado dos apóstolos escolhidos por
Jesus, somada à vida de missionário, escritor, médico e pintor,
transformou-se num dos pilares da Igreja. Na suas obras, Lucas
dirigia-se a um certo Teófilo, amigo de Deus, que tanto poderia ser um
discípulo como uma comunidade, ou todo aquele que entrava em contato
com a mensagem da Boa-Nova através dessa leitura. Com tal recurso
literário, tornou seu Evangelho uma porta de entrada à salvação para
todos os povos, concedendo o compartilhamento do Reino de Deus por
todas as pessoas que antes eram excluídas pela antiga lei.
VATICANO, 07 Out. 12 / 06:33 pm.-
Na mensagem prévia à oração do Ángelus no domingo, 7, diante dos milhares de
fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVI exortou a “valorizar a
oração do Rosário no próximo Ano da Fé”.
O Santo Padre assinalou que “com
o Rosário, de fato, deixamo-nos guiar por Maria, modelo de fé, na meditação dos
mistérios de Cristo, e dia a dia somos ajudados a assimilar o Evangelho, de tal
maneira que possa dar forma a toda nossa vida”.
“Seguindo os passos de meus
Predecessores, em particular do Beato João Paulo II quem há dez anos nos deu a
Carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, convido a rezarem o Rosário
pessoalmente, em família e em comunidade, colocando-nos na escola de Maria, que
conduz a Cristo, centro vivo de nossa fé”.
Bento XVI assinalou que naquele
exato momento, no Santuário de Pompeia, Itália, ocorria a tradicional “súplica”
à Virgem, “que hoje veneramos como Rainha ocorre anualmente na cidade italiana
na data em que a Igreja Universal
recorda a Virgem Maria sob a advocação de Nossa Senhora do Rosário.
Por isso, o Papa pediu aos fiéis
que se associem “espiritualmente” a essa invocação em coro.
"Padre Pio era
o modelo de cada padre... Não se podia assistir "à sua Missa", sem
que nos tornássemos, quase sem perceber, "participantes" desse drama
que se vivia a cada manhã sobre o altar. Crucificado com o Crucificado, o Padre
revivia a paixão de Jesus com grande dor, da qual fui testemunha privilegiada,
pois lhe ajudava, na missa .
Ele nos ensinava que nossa Salvação só se poderia obter se, em primeiro
lugar, a cruz fosse plantada na nossa vida. Dizia: "Creio que a Santíssima
Eucaristia é o grande meio para aspirar à Santa Perfeição, mas é preciso
recebê-La com o desejo e o engajamento de arrancar, do próprio coração, tudo
o que desagrada Àquele que queremos ter em nós".(27 de julho 1917). Pouco
depois da minha ordenação sacerdotal, explicou-me ele que, durante a
celebração da Eucaristia, era preciso era preciso colocar em paralelo a
cronologia da Missa e a da Paixão. Trata-se, antes de tudo, de compreender e de
realizar que o Padre no altar É Jesus Cristo. Desde então, Jesus, em seu
Padre, revive indefinidamente a mesma Paixão.
Do sinal da cruzinicial até o Ofertório, é preciso ir encontrar
Jesus no Getsemani, é preciso seguir Jesus na Sua agonia, sofrendo diante deste
"mar de lama" do pecado. È preciso unir-se a Jesus em sua dor de ver
que a Palavra do Pai, que Ele veio nos trazer, não é recebida pelos homens,
nem bem, nem mal. E, a partir desta visão, é preciso escutar as leituras da
Missa como sendo dirigidas a nós, pessoalmente .
O Ofertório: É a prisão, chegou a hora...
O Prefácio: É o canto de louvor e de agradecimento que Jesus dirige
ao Pai, e que Lhe permitiu, enfim, chegar a esta "Hora".
Desde o início daoração Eucarística até a Consagração : Nós
nos unimos (rapidamente!...) a Jesus em Seu aprisionamento, em Sua atroz
flagelação, na Sua coroação de espinhos e Seu caminhar com a cruz nas
costas, pelas ruelas de Jerusalém e, no "Memento", olhando todos os
presentes e aqueles pelos quais rezamos especialmente.
A Consagração nos dá o Corpo entregue agora, o Sangue derramado
agora. Misticamente, é a própria crucifixão do Senhor. E é por isso que
Padre Pio sofria atrozmente neste momento da Missa.
Nós nos uníamos em seguida a Jesus na cruz, oferecendo ao Pai, desde esse
instante, o Sacrifício Redentor. Este é o sentido da oração litúrgica que
segue imediatamente à consagração.
"Por Cristo com Cristo e em Cristo" corresponde ao grito de
Jesus: "Pai, nas Tuas Mãos entrego o Meu Espírito!" Desde então, o
sacrifício é consumado pelo Cristo e aceito pelo Pai. Daqui por diante, os
homens não mais estão separados de Deus e se encontram de novo unidos. É a
razão pela qual, nesse instante, recita-se a oração de todos os filhos:
"Pai Nosso...".
A fração da hóstia indica a Morte de Jesus...
A Intinção, instante em que o Padre, tendo partido a hóstia
(símbolo da morte...), deixa cair uma parcela do Corpo de Cristo no cálice do
Precioso Sangue, marca o momento da Ressurreição, pois o Corpo e o Sangue
estão de novo reunidos e é ao Cristo Vivo que vamos comungar. A Benção do
Padre marca os fiéis com a cruz, ao mesmo tempo como um extraordinário
distintivo e como um escudo protetor contra os assaltos do Maligno...
Depois de ter escutado uma tal explicação dos lábios do próprio Padre e
sabendo bem que ele vivia dolorosamente tudo aquilo, compreende-se que me tenha
pedido segui-lo neste caminho... o que eu fazia cada dia... E com que alegria!
Pe Jean Derobert.
Palavras do padre Pio
Jesus me consolou. Em 18 de abril de 1912, depois de uma luta terrível
contra o inferno, a consolação do Senhor me veio depois da Missa: "Ao
final da missa, conversei com Jesus para a ação de graças. Oh quanto foi
suave o colóquio mantido com o paraíso nessa manhã!... O coração de Jesus e
o meu se fundiram. Não eram mais dois que batiam, mas um só. Meu coração
tinha desaparecido como uma gota de água se dissolve no mar... - Padre Pio
chorava de alegria.- Quando o paraíso invade um coração, esse coração
aflito, exilado, fraco e mortal não pode suporta-lo sem chorar...". Ao Pe
Agostinho, 18/04/1912, em "Padre Pio, Transparent de Dieu", J.Derobert.
Confidências a seus filhos espirituais
"Minha missa é uma mistura sagrada com a Paixão de Jesus. Minha
responsabilidade é única no mundo", disse ele chorando.
"Na Paixão de Jesus, encontrarão também a minha".
"Não desejo o sofrimento por ele mesmo, não; mas pelos frutos que me
dá. Ele dá glória a Deus e salva meus irmãos, que mais posso desejar?".
"A que momento do Divino Sacrifício mais sofreis?". - Da
consagração à comunhão." "Durante o ofertório?. - É neste
momento que a alma é separada das coisas profanas." "A
consagração?". - É verdadeiramente aí que advém uma nova admirável
destruição e criação." "A Comunhão? Na comunhão, sofreis a
morte? - Misticamente, sim. - Por veemência de amor ou de dor? - Por uma e
outra: mas mais por amor." "Sofreis toda e sempre a Paixão de
Jesus?". - Sim, por Sua bondade e Sua condescendência, tanto quanto é
possível a uma criatura humana. - E como podeis trabalhar com tanta dor? -
Encontro o meu repouso sobre a cruz." "Como nós devemos ouvir a Santa
Missa?". - Como a assistiam a Santa Virgem Maria e as Santas mulheres. Como
São João assistiu ao Sacrifício Eucarístico e ao Sacrificio sangrento da
cruz "". Pe. Tarcísio, Congresso de Udine, 1972.
"É MAIS FÁCIL SEPARAR O SOL, DA LUZ. DO QUE MARIA DE JESUS."
(São Luis Maria de Montfort)
A IMACULADA CONCEIÇÃO
"Para tomar a terra digna de trazer e receber seu Deus, o Senhor fez nascer na terra uma pessoa rara e eminente que não tomou parte alguma no pecado do mundo e está dotada de todos os ornamentos e privilégios que o mundo jamais viu e jamais verá, nem na terra e nem no céu." ( TEMA MARIANOS, p. 307)
"Antes de toda a cristura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha." (São Bernardino de Sena, GLÓRIAS DE MARIA, p. 210)
"Há, porém, entre a Mãe de Deus e os servos de Deus uma infinita distância." ( São João Damasceno, GLÓRIAS DE MARIA, p. 211)
"Ave, cheia de graça!" Aos outros santos a graça é dada em parte, contudo a Maria foi dada em sua plenitude. Assim "a graça santificou não só a alma mas também a carne de Maria, a fim de que com ela revestisse depois o Verbo Eterno." ( São Tomás, GLÓRIAS DE MARIA, p. 220)
"Comigo está a Imaculada. Eu vou adiante". (Papa Pio IX)
"Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria, que Ela não se afaste de teus lábios, não se afaste de teu coração." ( São Bernardo)
Virgindade Perpétua:
"A Bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeiramente Mãe de Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do parto, no parto e constantemente depois do parto." (Papa Paulo IV)
"Maria é Virgem porque sua virgindade é o sinal de sua fé", "sem mescla de dúvida e falsidade" (LG, 63), "e de sua doação sem reservas à vontade de Deus."(506) (Catecismo da Igreja Católica)
"Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a virgindade." (São João Crisóstomo)
"Uma Virgem concebe, virgem leva o fruto, uma virgem dá à luz e permanece perpetuamente virgem." (Santo Agostinho)
"Os Santos Padres gostavam de chamar Maria de "MATER INVIOLATA", "Mãe perfeitamente virgem".
"Determinei além disso consagrar a Deus minha virgindade, e não possuir coisa alguma no mundo, entregando ao Altíssimo toda minha vontade." ( Revelação de Nossa Senhora à Santa Brígida)
"A virgindade para mim é uma consagração em Maria e em Cristo." (São Jerônimo)
A Maternidade divina
"Deus, sem precisar, porque se basta a si mesmo, quis começar e acabar suas maiores obras por mei da Santíssima Virgem." ( São Luiz de Montfort)
"À Virgem Santíssima não somente coube a glória de haver ministrado a substância de sua carne ao Unigênito do Eterno, que devia nacer homem, hóstia excelentemente preparada para a salvação dos homens; mas igualmente teve a missão de zelar e conservar esta hóstia e, ao tempo devido, apresentá-lo ao sacrifíco." (Papa São Pio X, Encíclica "Ad diem illum", 2 de fevereiro de 1904)
"A glória do homem está na carne de Cristo, e a honra da mulher na Mãe de Cristo." (Santo Agostinho)
"Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. É sangue de Maria, á a carne de Maria. Fica em Jesus a marca de Maria. o caráter, e até, não esqueçamos, a herança genética, a fisionomia, a voz, a carne de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesu não foi gerado pelo sêmen de um homem, biologicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso dizia Santo Agostinho: "A carne de Jesus é a cerne de Maria." (Maria, Maria, p.16)
"Ó Virgem admiravelmente fecunda que, num povo e inédito milagre, recolhe no seio Aquele que é sem medida, gera o eterno e dá à luz o que foi gerado antes dos séculos." (Livro: Maria, Maria, p.36)
Bendita Entre Todas as Mulheres
"Ave Maria. cheia de graça, porque agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens. por causa de sua fecundidade; aos anjos, por causa de sua virgindade; a Deus, por sua humildade. Ela mesma atestaque Deus olhou para ela porque viu sua humildade." (São Bernardo)
"Deus escolheu Maria para Sua Mãe na terra, porque aqui não achou virgem mais santa e perfeita que ela, nem lugar mais digno para Sua morada ao que seu sacrossanto seio." (São João Crisóstomo)
"Foi essa "humildade", profunda e real, que tanto encantou o coração de Deus fez com que a elegesse a "bendita entre as mulheres." ( A Mulher do Apocalipse, Prof. Felipe Aquino, p. 43)
"O perfume da humildade de Maria subiu ao céu e atraiu o Verbo do seio Eterno do Pai a seu seio virginal. De modo que o Senhor, atraído pela fragrância dessa humildade virgenzinha, a escolheu para sua Mãe. Mas, para maoir glória e merecimento desta Mãe, não se quis faezr seu filho sem o seu consentimento." (Santo Antônio)
“Era
uma quinta-feira. A meio do jantar, Santa Gema, pressentindo o êxtase,
levantou-se da mesa, e retirou-se tranquilamente para o quarto. Pouco
depois, D. Cecília, sua mãe adotiva, chamou-me; segui-a e encontrei a
donzela em pleno êxtase, na ocasião em que travava com a Justiça divina
uma viva luta, cujo fim era a conversão dum pecador. Confesso que em
minha vida nunca assisti a um espetáculo tão comovedor.
A
extática, sentada sobre o seu pobre leito, voltava os olhos, o rosto,
toda a sua pessoa para o ponto do quarto em que o Senhor se encontrava.
Comovida, mas sem agitação, mostra-se resoluta, na atitude duma pessoa
que discute e quer vencer a todo o custo. Começou assim: “Já que
viestes, Jesus, pedir-vos-ei de novo pelo meu pecador. É vosso filho e
meu irmão; salvai-o, ó Jesus”, e nomeou-o.
Era
um estrangeiro que ela tinha conhecido em Luca e a quem muitas vezes
já, levada por uma inspiração interior, tinha advertido de viva voz e
por escrito, que pusesse em ordem a sua consciência e não se contentasse
com a fama de bom cristão, de que gozava entre o povo.
Ora,
Jesus, surdo às recomendações de sua serva, parecia decidido a tratá-lo
como justo Juiz. Gema continuou sem desanimar: “Por que é que hoje me
não ouvis, ó Jesus! Tanto fizestes por uma só alma e a esta recusais
salvá-la? Salvai-a, Jesus, salvai-a”.
“Sede
bom , Jesus, não me faleis assim. Na boca de Quem é a mesma
misericórdia, esta palavra Eu o abandono não soa bem; não deveis
pronunciá-la. Vós derramastes, sem medida, o vosso sangue pelos
pecadores. E agora quereis medir a quantidade dos nossos pecados? Não me
ouvis? A quem hei de recorrer então? Derramastes o vosso sangue por
ele, assim como por mim.
“Salvais-me
a mim e a ele não? Não me levantarei daqui: salvai-o. Dizei-me que o
salvais. Ofereço-me como vítima por todos, mas particularmente por ele.
Prometo-Vos que nada Vos hei de recusar. Dais-mo? É uma alma. Pensai
nisso, Jesus, é uma alma que Vos custou muito. Virá a ser boa e há de
corrigir-se”.
Por única resposta, o Senhor continuou a opor a divina justiça. E Gema continuou também, animando-se cada vez mais:
“Eu
não procuro a vossa justiça, mas a vossa misericórdia. Por quem sois
Jesus, ide ter com esse pobre pecador; e daí um terno abraço ao seu
coração. Vereis que ele se converte. Experimentai ao menos... Ouvi,
Jesus. Vós, como dizeis, tendes multiplicado os assaltos para o ganhar,
mas nunca lhe chamastes vosso filho; experimentai. Dizei-lhe que sois
seu pai e que ele é vosso filho. Vereis, vereis que, a este doce nome de
pai, o seu coração endurecido se há de abrandar”.
Nesta
ocasião, o Senhor, para mostrar à sua serva os motivos desta
severidade, descobriu-lhe, uma por uma, com as mais pequenas
circunstâncias de tempo e de lugar, as faltas deste pecador, concluindo
por dizer que a medida estava cheia.
A
pobre menina, que repetiu em voz alta toda esta confissão, ficou
espantada: os braços caíram-lhe; soltou um profundo suspiro, pareceu
ter-lhe fugido toda a esperança de vencer.
De
repente, dissipa-se o seu abatimento e volta à carga: “Eu sei, eu sei,
Jesus, que ele Vos ofendeu muito, mas não Vos tenho eu ofendido ainda
mais? E não obstante, tendes usado de misericórdia para comigo. Eu sei,
eu sei, Jesus, que ele Vos fez chorar, mas neste momento não deveis
pensar nos pecados, deveis sim, pensar no vosso sangue derramado Que
bondade tendes tido para comigo! Usai para com o meu pecador, eu vo-lo
peço, das mesmas delicadezas de amor de que tenho sido objeto.
Lembrai-Vos, Jesus, que o quero no céu! Triunfai, triunfai, eu vo-lo
peço pela vossa caridade”.
Entretanto,
o Senhor permanecia sempre inflexível e Gema voltou a cair no mesmo
desalento. Está em silêncio, parecendo abandonar a luta, quando de
súbito brilha no seu espírito um outro motivo que lhe parece invencível.
Retoma a coragem e exclama: “Bem, eu sou uma pecadora, não poderíeis
encontrar ninguém pior do que eu. Vós mesmo mo dissestes. Não, não
mereço, confesso-o, não mereço que me atendais. Apresento-Vos, porém,
outra intercessora: é a vossa própriaMãe, que Vos pede em seu favor. Ides dizer que não à vossa Mãe? Certamente a Ela não o podereis fazer. E agora, dizei-me, Jesus, que o meu pecador será salvo”.
Desta
vez alcançou a vitória. O misericordioso Senhor concedeu a graça e a
cena mudou de aspecto. Com um ar de alegria indescritível, Gema
exclamou: “Está salvo, está salvo! Venceste, venceste, Jesus, triunfai
sempre assim”. E saiu do êxtase.
Este
espetáculo, verdadeiramente admirável, tinha durado boa meia hora. Para
o descrever, utilizei as próprias palavras de Gema, recolhidas à pena
na ocasião ou cuidadosamente confiadas à minha memória.
Tinha-me
retirado a meu quarto, entregue a mil pensamentos, quando ouvi bater à
porta. Anunciaram-me que era um indivíduo estranho. Mandei-o entrar.
Lançou-se a meus pés, chorando, e pediu-me que o confessasse. Meu Deus,
qual não foi a minha surpresa! Era o pecador de Gema, convertido poucos
minutos antes. Acusou-se de todas as faltas reveladas no êxtase pela
serva de Deus, esquecendo somente uma, que lhe pude recordar.
Consolei-o, contei-lhe a cena que acabava de se dar e obtive dele
autorização de publicar estas maravilhas do Senhor”.[1]
[1] “Santa Gema Galgani” – Pe Germano de Santo Estanislau – Livraria Apostolado da Imprensa – págs. 164/167.
O Rosário e o Imaculado Coração de Maria são sacramentais por excelência por isto é a ultima tabua de Salvação!!
As Quinze Promessas de Nossa Senhora Aos Cristãos Que Recitam O Rosário
1. Quem me servir fielmente através da recitação do Rosário receberá sinais de graça divina.
2. Prometo a minha proteção especial e as graças maiores àqueles que recitarem o Rosário.
3. O Rosário será uma arma poderosa contra o inferno, destruirá o vício, diminuirá o pecado, e derrotará a heresia.
4. Causará
que a virtude e os bons trabalhos floresçam; obterá a mercê abundante
de Deus para as almas; retirará os corações do homem do amor ao mundo e
às suas vaidades para erguê-los ao desejo de coisas mais eternas. Oxalá
que as almas se santifiquem assim.
5. A alma que se encomenda a mim através da recitação do Rosário não perecerá.
6. Quem
recitar devotamente o Rosário, aplicando-se à consideração de seus
mistérios sagrados, nunca será conquistado pelo infortúnio. Deus não o
repreenderá em sua justiça, e não perecerá por uma morte desprovida; se
for justo permanecerá na graça de Deus e tornar-se-á digno da vida
eterna.
7. Quem tiver devoção verdadeira ao Rosário não morrerá sem os sacramentos da Igreja.
8. Aqueles que são fieis em recitar o Rosário terão na sua vida e na sua morte a luz de Deus e a plenitude de sua graça divina.
9. Livrarei do purgatório aquele que foram devotos ao Rosário.
10. As crianças fiem do Rosário serão dignas de um alto nível de glória no Céu.
11. Tereis tudo o que pedires de mim com a recitação do Rosário.
12. Todos os que propagarem o sagrado Rosário serão ajudados por mim nas suas necessidades.
13. Consegui
do Meu Filho Divino que todos os defensores do Rosário terão por
intercessores toda a corte celestial durante a sua vida e na hora da
morte.
14. Todos os que recitam o Rosário são Meus filhos, e irmã os do meu único filho Jesus Cristo.
15. A devoção ao Rosário é um grande sinal de predestinação.
"É esta boa Mãe quem nos leva para o céu . Na belíssima Ladainha Laurenta, a Igreja a chama de"Porta do Céu", porque é ela que com suas orações e lágrimas diante de Deus nos conquista a salvação."
(Prof. Felipe Aquino - "A Mulher do Apocalipse", p. 95)
Ele se parece, ó alma minha, como uma noite escura sobre o
cume de uma montanha alta. Lá embaixo há um vale profundo, e a terra se abre de
maneira que, com o teu olhar, podes ver o inferno e sua profundidade. Ele se
parece como uma prisão situada no centro da terra, muitos quilômetros abaixo,
todo cheio de fogo, preso num recinto de forma tão impenetrável que, por toda a
eternidade, nem se quer a fumaça pode escapar.
Nesta prisão os condenados estão próximos um do outro como
tijolos num forno...
Imagine o calor do fogo em que são queimados.
Primeiramente, o fogo se alastra por todas as partes e tortura
inteiramente o corpo e a alma. Uma pessoa condenada permanece no inferno para
sempre no mesmo lugar que foi destinado pela justiça divina, sem ser capaz de
mover-se, como um prisioneiro num tronco.
O fogo que o envolve totalmente, como um peixe na água, o
queima em volta, à sua esquerda, à sua direita, encima e embaixo. Sua cabeça,
seu peito, seus ombros, seus braços, suas mãos e seus pés estão totalmente
invadidos pelo fogo, de maneira que ele, por inteiro, se assemelha a um peça de
ferro incandescente e cintilante, que acaba de ser retirado do forno. O teto do
recinto em que moram as pessoas condenadas é de fogo; a comida que se come é
fogo; a bebida que se toma é fogo, o ar que se respira é fogo, tudo quanto se
vê e se toca é fogo...
Mas este fogo não está simplesmente fora dele; além do mais
ele transpassa pela pessoa condenada. Invade o seu cérebro, seus dentes, sua
língua, sua garganta, seu fígado, seus pulmões, seus intestinos, seu ventre,
seu coração, sua veias, seus nervos, seus ossos, inclusive a medula, bem como o
sangue.
“No inferno – segundo São Gregório Magno – haverá um fogo
que não pode se apagar, um verme que não morre, um cheiro insuportável, uma
escuridão que pode se sentir, castigo por açoite de mãos selvagens, com todos
os presentes desesperados por qualquer coisa boa.” Um dos fatos mais terríveis
é que, pelo poder divino, este fogo vai tão longe como para atuar sobre as
faculdades (aptidões) da alma, queimando-as e atormentando-as. Suponhamos que
eu me achasse colocado no forno de um ferreiro, de modo que todo o meu corpo
estivesse em pleno ar, exceto um braço que está posto no fogo, e que Deus fosse
preservar a minha vida por mil anos nesta posição. Não seria isto uma tortura insuportável?
Como seria então estar completamente invadido e rodeado de fogo, o qual não
atinge apenas um braço, mas inclusive todas as faculdades (aptidões) da alma?
(1) Para quem já teve a graça de ver, e de sentir, em sonhos
o que seja este tormento infinito, este fogo que queima o espírito sem
consumir, esta consciência que acusa sem cessar, que atormenta mais que mil
fogos, que faz compreender a eternidade do suplício, que entende a
impossibilidade de fugir dali, contra a qual não adianta lutar, esbravejar, sequer
odiar, é possível afirmar que o fogo exterior, que queima o corpo é apenas uma pálida
centelha daquele que inflama o espírito. De fato, a alma daria tudo para poder esquecer,
fugir dos pensamentos, escapar deste tormento mental, esmagar seu cérebro, pois
para ela isso significaria um alívio assombroso em seu tormento.
É mais espantoso do que o homem pode imaginar.
Em segundo lugar, este fogo é muito mais espantoso do que o
homem pode imaginar. O fogo natural que vemos durante esta vida tem um grande
poder para queimar e atormentar. Não obstante, este não é nem sequer uma sombra
do fogo do inferno. Há duas razões pelas quais o fogo do inferno é muito mais
atroz, que vai além de toda comparação, do que o fogo deste mundo.
A primeira razão é a justiça de Deus, da qual o fogo do
inferno e um instrumento dirigido para castigar o mal infinito causado contra a
sua suprema majestade, que fora menosprezada por uma criatura. Para tanto a
justiça supre este elemento com um poder tão grande que quase alcança o
infinito.
A segunda razão é a malícia (perversidade) do pecado. Como
Deus sabe que o fogo deste mundo não é suficiente para castigar o pecado como
este merece, Ele tem dado ao fogo do inferno um poder tão grande que nunca
poderá ser compreendido pela inteligência humana. Entendem agora, o quão
eficazmente queima este fogo?
O fogo queima tão eficazmente, - ó minha alma! – que, de
acordo com os grandes mestres da escola ascética, se uma simples faísca caísse
numa pedra de moinho, esta se reduziria num instante em pó. Se caísse numa bola de
bronze, esta se derreteria instantaneamente como se fosse de cera. Se caísse
sobre um lago congelado, este haveria de ferver no mesmo instante.
Façamos uma breve pausa, ó alma minha, para que tu respondas
a algumas perguntas que te farei. Primeiro, te pergunto: Se um forno especial fosse
acesso, como usualmente se faz para atormentar os mártires, e, então, alguns
homens colocassem diante de ti todo tipo de bens que o coração humano possa
desejar, e garantissem a oferta de um reino próspero – se tudo isso te fosse
prometido em troca de que entrasses, só por meia hora, no forno ardente, o que
escolherias fazer?
Nem por cem reinos!
“Ah! – dirias – “se me oferecesses cem reinos, eu nunca
seria tão idiota em aceitar tais extremos tão brutais, não importa quantas
coisas importantes me oferecessem, mesmo que estivesse segura de que Deus iria
preservar a minha vida durante esses momentos de sofrimento.”
Em segundo lugar, eu te pergunto: Se tu já estivesses na
posse de um grande reino, e estivesses nadando num mar de riqueza, de maneira
que não precisarias de nada, e fosses atacada por um inimigo, feita prisioneira
e acorrentada, se fosses obrigada a escolher entre perder o teu reino ou passar
meia hora dentro de um forno incandescente, o que escolherias? “Ah! – dirias –
prefiro passar toda a minha vida na pobreza extrema e submeter-me a qualquer
injúria e infelicidade do que sofrer tão grande tormento!”
Uma prisão de fogo eterno
Neste instante, dirige os teus pensamentos daquilo que é
temporal para o que é eterno.
Para fugir do tormento de um forno ardente, que duraria
somente meia hora, tu sacrificarias qualquer propriedade, principalmente as
coisas que mais te satisfazem, e estarias disposto a sofrer qualquer outro dano
temporal, não importando quão trabalhoso pudesse ser. Então, por que não pensas
da mesma maneira quando discutes sobre os
tormentos eternos?
Deus não te ameaça com meia hora de suplício dentro do forno
ardente, mas, pelo
contrário, com uma prisão de fogo eterno. Para escapar dela,
não deverias renunciar a
tudo o que está proibido por Ele, não importando quão
prazeroso possa ser, e abraçar
alegremente tudo quanto Ele ordena, mesmo que fosse
extremamente desagradável?
O mais espantoso do inferno é a sua duração. A pessoa
condenada perde a Deus e o
perde por toda a eternidade. Aliás, o que é a eternidade? Ó
alma minha, até agora
nenhum anjo pode compreender o que é a eternidade! Como
então poderás tu
compreende-la? Ainda assim, para formarmos alguma idéia
sobre ela, consideremos as
seguintes verdades:
A eternidade nunca termina. Esta é a verdade que tem feito
tremer até os maiores
santos. O juízo final virá o mundo será destruído, a terra
engolirá todos os condenados,
e estes serão lançados no inferno. Então, com sua mão
todo-poderosa, Deus os encerrará
para sempre em tão amaldiçoada prisão.
Desde então, tantos milênios se passaram como há folhas nas
árvores e nas plantas de
toda a terra, tantos milhares de anos, como existem gotas de
água em todos os mares e
rios da terra, tantos anos com existem átomos no ar, como
existem grãos de areia em
todas as praias de todos os mares. Logo, depois de passarem
todos estes incontáveis
anos, o que será a eternidade?
No entanto ela não será sequer uma centésima parte dela, ou
uma milésima – nada.
Então começará novamente e durará tanto como antes,
novamente, assim por diante, até
que haja se repetido mil vezes, e um bilhão de vezes,
novamente. E logo depois de um
período de tempo tão longo, nem sequer terá passado a
metade, nem sequer uma
centésima parte ou uma milésima parte, nem sequer uma parte
da eternidade. Em todo
este tempo não haverá interrupção na queima dos condenados,
começando tudo
novamente.
Oh! que mistério profundo! Um terror sobre todos os
terrores! Oh! eternidade! Quem
pode comprender-te?
Suponhamos que, no caso de maldito Caim, chorando no inferno
somente derramasse a
cada mil anos uma única lágrima. Agora, alma minha, guarde
os teus pensamentos e
leve em consideração este fato: por seis mil anos, no
mínimo, Caim tem estado no
inferno e tem derramado apenas seis lágrimas, que Deus
milagrosamente lhe preservara.
Quantos anos levariam para que as suas lágrimas cobrissem
todos os vales da terra e
inundassem todas as cidades, povos e vilas e todas as
montanhas até que inundasse toda
a terra? Sabemos que a distância entre a terra e o sol é de
trinta e quatro milhões de léguas. Quantos anos faltariam para que as lágrimas
de Caim enchessem este imenso
espaço? Da terra ao céu estimamos que haja uma distância de
cento e sessenta milhões
de léguas.
As lágrimas de Caim
Oh! Deus! Que quantidade de anos teríamos que imaginar que
seria necessário para
encher de lágrimas este imenso espaço? E ainda assim – Oh!
Verdade incompreensível!
– estejam seguros disto, porque Deus não pode mentir –
chegaria o tempo em que as
lágrimas de Caim seriam suficientes para inundar o mundo,
para alcançar inclusive o
sol, para tocar o céu, e encher todo o espaço entre a terra
e o mais alto do céu. Isso,
porém, não é tudo.
Se Deus secasse todas estas lágrimas desde a última gota, e
Caim começasse chorar
outra vez, ele voltaria outra vez a encher o espaço inteiro
e o inundaria mil vezes e um
milhão de vezes em sucessão, ao longo de todos esses
incontáveis anos, nem sequer
haveria passado a metade de eternidade, nem sequer uma
fração. Depois de todo esse
tempo, ardendo no inferno, os sofrimentos de Caim estariam
tão somente começando
(2).
A eternidade, neste caso, não tem alívio. Seria de fato uma
pequena consolação, de
muito pouco benefício, para as pessoas condenadas, se fossem
capazes de receber um
breve alento a cada mil anos.
(2) Felizmente aqui, no caso de Caím, o Santo está errado,
porque Caím está salvo.
Dirão vocês que fiquei maluco, mas não, aos que duvidam a
eternidade depois
comprovará. Em verdade, Deus foi bom com Caím, porque ao
marcá-lo para que
ninguém o matasse, permitiu que ele passasse todo seu
Purgatório de sofrimento aqui, e
certamente foi um dos mais longos e dolorosos, porque
naquele tempo as pessoas
viviam séculos. Quem sabe, se alguém o tivesse morto antes
de expiar sua falta, ele
tivesse se perdido. Sim, porque o crime dele foi gravíssimo,
devido ao fato de que desde
menino ele via Deus e se sentava no colo Dele. Sua maior
revolta contra Deus era a
existência da noite, pois queria que sempre fosse dia. Por
outro lado, se todos os
assassinos se perdessem, o inferno estaria povoado deles.
Eis porque Jesus diz: não
julgueis para não serdes condenados. (Aarão)
Não existe alívio
Imaginemos um lugar do inferno onde haja três malvados. O
primeiro está submergido
num lago de fogo sulfúrico; o segundo está preso numa grande
pedra e está sendo
atormentado por dois demônios, um dos quais constantemente
lhe lança chumbo
derretido na sua garganta, enquanto o outro lhe derrama
sobre todo o seu corpo,
cobrindo-lhe desde a cabeça até os pés. O terceiro réprobo
está sendo torturado por duas
cobras, uma das quais o envolve com seu corpo e o morde
cruelmente, enquanto que
outra entra no seu corpo e ataca o seu coração. Suponhamos
que Deus se apiede dele e
lhe conceda um curto respiro.
O primeiro homem, depois de haver passado mil anos, é
removido do lago e ele recebe
o conforto de tomar água fria, e, depois de passar uma hora,
ele é novamente jogado no
lago. O segundo, depois de mil anos de tormento, é removido
de seu lugar e lhe é permitido descansar, mas logo depois de uma hora é jogando
novamente no mesmo
tormento. O terceiro, depois de mil anos se vê livre das
cobras; porém, após uma hora
de alívio, novamente é estuprado e atormentado por elas. Ah!
quão limitada seria esta
consolação – sofrer por mil anos para descansar somente por
uma hora!(3)
Aliás, o inferno nem sequer tem esta consolação. Todos se
queimam sempre nessas
chamas assustadoras e nunca recebem nenhum alívio em toda a
eternidade. O
condenado é corroído e ferido pelo remorso, e nunca terá um
descanso em toda a
eternidade. Sempre sofrerá uma sede muito abrasadora e nunca
receberá o frescor de um
pouco de água em toda a eternidade. Sempre se contemplará
detestado por Deus e nunca
poderá receber a alegria de uma simples olhada de ternura de
Deus por toda a
eternidade. O condenado se sentirá sempre maldito pelo céu e
pelo inferno, e nunca
receberá um simples gesto de amizade.
É uma das desgraças essenciais do inferno que todo o
tormento será sem consolo, sem
remédio, sem interrupção, sem final, eterno.
(3) Vejam, se Deus depois daquele castigo de mil anos,
concedesse a cada um dos
condenados, almas ou demônios, esta hora de descanso, onde
eles pudessem meditar e
se arrepender, acreditem, nenhum dos condenados voltaria
plenamente arrependido. É
isso que prova a imensa perfeição da Justiça Divina (Aarão).
A bondade de sua misericórdia
Agora eu compreendo em parte, ó meu Deus, o que é o inferno.
É um lugar de
tormentos excessivos, de desesperança extrema. É o lugar
onde mereço estar por causa
dos meus pecados, onde eu estaria desterrado por alguns
anos, se a tua imensa
misericórdia não me tivesse libertado. Repetirei mil vezes:
O Coração de Jesus me tem
amado, ou, do contrário, agora eu estaria no inferno! O
Sangue de Jesus me tem
reconciliando com o Pai Celestial, ou minha morada seria o
inferno. Este é o cântico
que eu quisera cantar a Ti, meu Deus, por toda a eternidade.
Sim, de agora em diante,
minha intenção é repetir estas palavras tantas vezes como os
momentos se sucedem
desde aquela maldita hora em que te ofendi pela primeira
vez.
Qual tem sido a minha gratidão para com Deus pela bondosa
misericórdia que Ele me
tem mostrado? Ele me livrou do inferno. Oh! Imenso amor! Oh!
Infinita bondade!
Depois de um benefício tão grande, não deveria eu lhe dar
todo o meu coração e amá-lo
com o amor do mais inflamante serafim? Não deveria eu
dirigir todas as minhas ações
até Ele e, em cada coisa, buscar somente contentar a vontade
divina, aceitando todas as
contradições com alegria, de maneira que possa lhe devolver
o meu amor?
Poderia fazer alguma coisa menor do que isso depois de uma
bondade tão grande! Oh!
Ingratidão, merecedora de outro inferno! Deixar-te-ei de
lado, Deus meu! Resistirei à
tua misericórdia, cometendo novos pecados e ofensas. Sei que
tenho feito o mal, ó meu
Deus, e me arrependo de todo o meu coração. Ah! se pudesse
derramar um mar de
lágrimas por tão ofensiva ingratidão! Ó Jesus, tem
misericórdia de mim, visto que agora
decidi melhor: sofrer mil mortes do que ofender-te
novamente. (Fim)
Temos assim mais uma visão de santo da nossa Igreja, que
certamente teve da parte de Deus a graça da visão do inferno, para poder
relatá-la com tanta clareza. Os maus dirão
que o inferno não existe e se existe é crueldade de Deus.
Alguns se irão assustar com o
tamanho da pena, mas ela é conforme a justiça. Se o infinito
prazer do Céu está
reservado aos justos e aos convertidos, devemos saber que
para equilíbrio é preciso que
exista a Justiça infinita destinada aos rebeldes.
Devemos dizer, com toda certeza, que ganhar o inferno como
castigo eterno, é fruto de
um ato consciente de rebeldia contra Deus, uma rebeldia
teimosa e obstinada no mal,
algo que repugna até pensar, que uma simples criatura humana
possa se auto-impregnar
de tanta teimosia. Não é verdade que alguém possa cair no
inferno por culpa de satanás:
a perda se dá por exclusiva culpa da alma! Ela se perde por
causa da liberdade que tem,
e fazendo mau uso dela vive a fornicar com a serpente.
Enfim, não se assuste: o inferno é para os maus!
Dificilmente algum deles irá ler este
texto, porque acha a existência do inferno uma bobagem da
Igreja e uma invenção dos
padres. Mas que isso sirva para você, que leu todo este
texto, rezar por aqueles que
jogam junto com a serpente, para que não sigam até o dia do
julgamento teimando nesta
obstinação. Se você tem um destes em sua família, reze por
ele. E Deus nunca o
abandonará!
Extraído dos escritos de Santo Antônio Maria Claret. Tradução do espanhol feita pelo
Diácono Luiz Carlos Pavan.